quarta-feira, 15 de outubro de 2014 @ 09:53
Tenho quatro minutos para escrever alguma coisa. Na verdade, agora eu só tenho três. Estou sufocando aos poucos com essa sensação. Ela é obscura, triste e pesada. E não quer ir embora. Dois minutos. Estou perdida, confusa, solitária e cansada. Cansada desses problemas que arranjamos. Das dúvidas que me cercam, da vontade que já acabou. Um minuto. Está tudo desfeito. O tempo acabou. Acabou pra mim. Pra você. Pra nós dois. Já era hora. Já é hora. Mas eu não consigo parar, não agora por enquanto. O tempo para. Respiro, perco a calma, suspiro, respiro outra vez. E recomeço a contagem, essa contagem que chamo de vida. -- Agnes Martins sexta-feira, 10 de outubro de 2014 @ 13:49
Era previsível. Eu já sabia que as coisas tomariam esse rumo. Os sintomas estavam lá, sempre estiveram. Noites. Dias. Semanas. Confusões premeditadas. Eu sentia que as coisas terminaram assim, e terminaram. Nada parecia fazer sentido, até que eu entendi o que aconteceu. Sempre foi assim, você notou?
O destino prega peças. Ele nos leva por caminhos estranhos, nos faz descobrir coisas boas e ruins. Aprendemos tanto nessa jornada, mas perdemos algumas coisas também. E o destino está lá, nos observando. Esperando por nossas reações. Em alguns momentos ele muda tudo o que está ao nosso redor, e em outros, ele apenas deixa que a gente se afunde mais numa história. Você acredita em destino? Você acredita que as linhas da vida são traçadas por alguém que possui um poder maior que as nossas escolhas? Parece confuso, parece distante, parece inacreditável. Mas não é. Nossos destinos estão escritos e eles nunca estiveram juntos. Nossos caminhos se cruzam, mas não se juntam. E sabe por quê? Por que somos assim, pessoas feitas para se encontrar e não para se juntar. Em alguns momentos somos opostos, e em outro, somos completamente iguais. Mas não é assim que a vida é feita. A nossa é assim, cada um pro seu canto buscando sua felicidade. E nunca dividindo ela. Eu aceitei isso. E você também aceitou. “Que coisa estranha?!” foi o que você me disse naquela noite. Eu sei que é. É bem estranho mesmo, mas o que posso fazer? Somos assim, cada um seguindo seu sonho. - Não foi isso que discutimos? – Mas mesmo assim, parece que cada um se atrai. Porém não mais. Agora acabou. Era previsível. Era notável. Era a vida tomando seu rumo. E agora devemos tomar o nosso, cada um pro seu lado. Então vamos lá? Te encontro por ai, como eu disse nossos caminhos sempre se cruzam, pode ser hoje, amanhã, e talvez, daqui a 20 anos. Mas vamos nos ver um dia. Até lá se cuide, não se perca. Que eu te vejo por aí.
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Agnes Martins
segunda-feira, 16 de junho de 2014 @ 19:32
Por diversas vezes comecei esta carta. Escrevi, apaguei, comecei outra vez. Rasguei a folha e peguei uma nova. Mas nunca terminava, não parecia certa, não parecia verdadeira. Comecei diversas vezes esta carta, mas nenhuma delas parecia transmitir aquilo que eu precisava falar a você.
Quando nos conhecemos não foi mágico, nem nada. Foi normal, como duas pessoas precisavam se conhecer, amigos em comum nos apresentaram, conversamos, rimos e a noite acabou. Não nos beijamos no final da noite, não saímos no dia seguinte e nunca marcamos um cinema no domingo.
Pareceu certo acontecer assim. Conversamos diversas vezes, compartilhamos piadas idiotas e fotos constrangedoras. Era certo assim. Com o passar do tempo nossa amizade foi crescendo, sempre que nossos amigos saiam era certeza que iríamos nos ver. Mas nem sempre era assim, às vezes eu tinha que trabalhar ou estudar. Enquanto você saia com outros amigos ou tinha que ir visitar sua família no interior.
O primeiro beijo foi estranho. Aconteceu numa festa, depois daquela tequila ou seria depois das cervejas? Quando aconteceu, olhamos um para o outro e rimos. Essa era uma das coisas que sempre comentávamos, “e se um dia nos beijarmos?”. Nesse momento pareceu uma história de filme, onde os amigos se beijavam, viravam um casal e ficavam juntos pra sempre. Entretanto, essa não foi nossa história.
Começamos a sair como um casal, íamos ao cinema, comíamos pizza aos sábados e em algum final de semana você me levou para conhecer sua família. Nos primeiros meses fomos um sonho de casal, nossas piadas ainda eram engraçadas, não cansávamos de conversar um com o outro. Parecia que nada tinha mudado. Mas mudou. Os sintomas começaram a aparecer depois dos seis meses de namoro.
Nós tínhamos temperamentos diferentes. Nossas ideias começaram a ir para cominhos diferentes. As mensagens nem sempre eram respondidas mais. O casal adorável começou a ser o casal desconfortável. Tinha sempre um clima pairando ao nosso redor, você conseguia sentir?
Mas o pior momento foi a traição. Nunca imaginei que chegaríamos nesse ponto, entretanto nós chegamos. Não houve briga, somente lágrimas. Minhas e suas. Saímos tão machucados dessa relação, e eu sempre me pergunto, “como foi que não vimos isso acontecer?”. Não foi você que me traiu ou eu que te trai. Nós nos traímos. Achamos que nossa relação seria pra sempre, que não acabaria com magoas. Porém, quando tudo acabou eu só conseguia sentir mágoa de tudo isso. E não acho que com você tenha sido diferente.
Agora somos completos estranhos na vida do outro. Magoados por que acreditávamos que éramos invencíveis. Ou será que era por sermos jovens demais? Por diversas vezes eu comecei essa carta e nenhuma delas conseguiu ser tão verdadeira como esta.
Me desculpe se não duramos para sempre. Me desculpe se eu não pude ser a namorada que você sempre quis. E não se preocupe, eu te desculpo também. E obrigada por me escrever antes, agora sinto que podemos seguir em frente como jamais tínhamos conseguido.
Com amor,
Manuella
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por Agnes Martins
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014 @ 21:02
Era uma manhã de sábado. Eu atendi o telefone e fui me encontrar com você. Ao me aproximar do nosso ponto de encontro eu te vi parado me vendo chegar. Você sorriu, e quando eu me aproximei , fui envolvida por um forte abraço seu. Mas eu sabia que não iria durar. Confesso que fiquei constrangida.Você nunca tinha me abraçado assim.
Eu sempre senti essa conexão entre a gente. Aquela sabe, de quando você abraça alguém e sente uma energia passando por você. Não sei dizer quando começou ou quando vai acabar. Mas ela existe. E preciso confessar que não confio mais em você. Meu coração já foi quebrado uma vez, e sinceramente, não quero que ele se quebre outra vez. Foi complicado reconstruí-lo e eu não preciso que você o jogue pela janela.
Mas ainda existe aquela conexão. Aquela vontade de conversar com você, de saber como você está e se as coisas estão indo como você queria. Entretanto, não é o certo. Eu não devo te procurar mais. Agora tudo que me resta é deixar essa conexão ali, no cantinho do meu coração, até que um dia eu perceba que ele decidiu partir.
Eu nunca te perguntei isso, mas será que já passou pela sua cabeça que todo o sofrimento que você causou é o mesmo pelo qual passou há tempos atrás? Acredito que não. Nossa conexão existe, ela está ali esperando uma oportunidade. Só que o único problema é que esse sentimento é uma via de uma mão só. Ele só vem de mim e vai até você e nunca o contrário. Eu me cansei amor. Cansei de ficar sofrendo para ter momentos bons. Eu quero ficar feliz o tempo inteiro e não metade dele.
E você tem causado isso. Essa felicidade durante a manhã e a infelicidade durante a noite. Vamos deixar as coisas como elas estão. Você ai. Eu aqui. Não quero fazer parte dos seus jogos e nem da sua bagunça. Eu já me envolvi demais. Chegou a hora de parar de me preocupar com você. Se um dia você quiser me procurar, que seja por que sentiu a minha falta, por que percebeu que eu era algo mais pra você. E não por que está sozinho rolando na cama e precisando de companhia.
Pode parecer que eu estou esperando por um conto de fadas, mas não. O que eu quero é justamente algo real. Onde eu possa confiar em alguém e não me preocupar em ser trocada a qualquer momento. Vamos lá amor, deixa as coisas acontecerem. Pare de se prender em quem te fez sofrer. Assim como eu estou me desprendendo de você. Sabe, não há sentimento mais libertador do que esse. Deixar quem magoou a gente pra trás. Amanhã eu não sei como vai ser, se irei sentir sua falta outra vez. Mas hoje, e agora, é isso que eu estou fazendo. Estou me libertando de você. Se liberte da sua dor também.
Agnes Martins terça-feira, 10 de setembro de 2013 @ 22:56
Eu mudei. Finalmente me mudei. Não moro no mesmo endereço. Não tenho mais o mesmo número de telefone e até o meu email eu mudei. Corri pra um lugar que eu sabia que a gente não ia se encontrar. Muitos vão dizer que eu fugi de você. Mas não, eu fugi de mim. Eu corri pra um lugar onde eu não me afetaria, onde não seria possível passar pelos lugares que a gente ficou e me torturar ao procurar por você.
Eu fugi de você também. Fugi por que já estava na hora de sair da sua vida. Estava na hora de você aprender a viver sem a minha sombra por ai. Nós ficamos presos em uma corda invisível, porém nenhum dos dois foi capaz de perceber isso. Já estava na hora de alguém pegar uma tesoura e cortar essa linha.
E agora eu estou aqui nessa cidade distante de você. Onde, sinceramente, eu posso andar tranquila por que não irei até você, e nem você poderá vir até mim. Não irei ao bar na esquina da sua casa. Você não irá à padaria em frente ao meu trabalho. Não vamos nos encontrar por acaso na balada que sempre fomos. Não vamos nos ver na casa dos amigos em comum. Não vamos ver os nossos novos companheiros. Será doloroso sei bem, mas tudo bem, somos adultos podemos lidar com isso.
Não me procure mais. Eu não irei te procurar mais também. Não temos mais redes sociais em comum, voltamos a ser completamente estranhos. E se eu estou sendo muito depressiva sinto muito, mas sou assim, você bem sabe. Então agora estou indo embora por completo, sem vestígios de você em mim.
Não direi adeus, nem até breve, ou até mais. Chegou a hora de sorrir e continuar andando sem olhar para trás.
Agnes Martinsquinta-feira, 28 de fevereiro de 2013 @ 22:05
Que eu tentei escrever sobre a gente. Tentei mesmo, mas simplesmente não consegui. Não sabia como colocar a nossa história no papel, e talvez, seja pelo fato de que nunca compreendi exatamente o que tivemos. Preciso te dizer que na maioria das vezes que escrevi sobre o que sentia era para dizer que eu estava magoada com alguma coisa, mas quando se tratava de escrever sobre felicidade não conseguia pensar em nada.
Mas com você foi diferente. Sentia que precisava escrever alguma coisa, e por incrível que pareça, você me mostrou que eu poderia escrever qualquer coisa, que eu era mais forte do que imaginava, que meus sonhos eram dignos da minha personalidade, e principalmente, que eu poderia ser amada. Lembra da primeira viagem que fizemos juntos? Quando nos sentamos de frente pro mar e esperamos pelo amanhecer. Aquele foi o momento perfeito e eu sei que você sentiu isso também.
Um momento só nosso. E assim como todo o tempo que passamos juntos, as lembranças que conquistamos, vão estar sempre guardadas na nossa memória. As pessoas acreditam que quando um relacionamento acaba, é por que o amor acabou, mas eu não acredito nisso. Não estou dizendo que vamos ficar juntos novamente, porém o amor que existiu entre a gente não vai morrer só por que nós dois não demos mais certo. Eu não vou te esperar. Você sabe que não sou desse tipo. Mas quero que você saiba que mesmo conhecendo outras pessoas, ainda vai ter aquele cantinho do meu coração que vai sempre se lembrar da gente, e acredito que o mesmo vai acontecer com você.
E se um dia nos esbarramos na rua, por favor, eu lhe peço, não vamos nos ignorar. Por que o que a gente teve não era pra qualquer um, era só nosso, como sempre vai ser. Não se preocupe com o passado, somos adultos o suficiente para saber que o tivemos passou, e que a nossa história continua lá, só esperando que alguém a leia.
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